segunda-feira, 25 de junho de 2012

Revirando o Baú: Homem - Aranha (2002)


Vamos voltar a 1997, um ano nada feliz pra quem curte quadrinhos e cinema combinados. Os fracassos de 'Batman & Robin' e 'Steel' pareciam que iriam enterrar de vez as adaptações de HQs pelos próximos anos. Só que havia um detalhe que ninguém tinha percebido.1997 também marca o ano de lançamento de 'MIB- Homens de Preto', primeira adaptação de HQ  da Marvel (e anteriormente da Malibu) em anos para um publico mainstream. E fez sucesso, muito sucesso. Vendo uma oportunidade de ouro em mãos, de dominar um mercado que basicamente era dominado pela DC com seus filmes do Batman, a Marvel decidiu investir sutilmente no mercado de filmes. Decidiu sabiamente fazer 'Blade', que mostrou que sim, dá pra levar HQs a sério nos cinemas, e depois (com esforço) finalmente fizeram um filme dos X-Men, e o melhor de tudo, um filme funcional e contemporâneo da equipe. Fez também muito sucesso. Mas eles precisavam de algo que realmente fizesse aquilo durar, de algo que garantisse o espaço das adaptações de HQ (especialmente de sua editora) de forma definitiva e duradoura. Eles precisavam por o maior medalhão na casa. Eles colocaram o Homem Aranha, a melhor decisão possível.


Chamando o diretor de clássicos cults e produtor de sucesso, Sam Raimi, que além de tudo era fã do personagem, a produção do filme avançou décadas de inúmeras versões do roteiro e um-quase lançamento de um filme nas mãos de James Cameron, filme esse que nunca saiu umas gerou uma "sequência" num formato de desenho animado da Fox (a melhor animação feita com o personagem, diga-se de passagem). Mas muito do sucesso da franquia deve-se mesmo a Raimi e a liberdade dada pela Marvel (via o produtor Avi Arad) para que ele tentasse colocar a melhor visão possível do personagem. Ou pelo menos a melhor visão de acordo com Sam.Veremos isso mais adiante.


Vamos a história: o jovem adolescente Peter Parker (Tobey McGuire) vive com seus tios, May (Rosemary Harris) e Bem Parker (Cliff Robertson). É um jovem tímido, extremamente inteligente, mas não tão popular na escola, o que afasta as chaces de se envolver com seu grande amor Mary Jane Watson (Kristen Dunst), que também chama a atenção de seu melhor amigo, Harry Osborn (James Franco). Seu pai, Normam Osborn (Willain Dafoe), é um importante belicista e cientista que tenta por um novo projeto para desenvolver fisicamente melhores soldados. A vida de Peter muda quando uma aranha geneticamente modificada o morde, lhe dando super poderes, como escalar paredes, soltar teias e força física ampliada. Mas aos mesmo tempo, Norman testa sua nova formula, que aumenta sua força mas o leva a loucura. Quando tio Ben, é assassinado, Peter decide usar seus poderes para o bem e passa a agir como o herói Homem Aranha, enquanto o misterioso Duende Verde passa a perseguir e assassinar todos os membros da diretoria da Oscorp...


Pra começar a falar do filme, temos que falar especialmente do tom escolhido por Raimi, e os motivos disso. Sam Raimi leu as HQs originas de Lee e Dikto (e Romita) na infância, e muito de suas escolhas e influências no filme vem disso. A visão de Raimi é uma visão mais básica e até alguns momentos mais inocente do personagem, calcada fortemente no esquema mostrado na 'Jornada do Herói' de Joseph Campbell. Os personagens principais tem uma voz e características próprias, baseadas naquilo feito nos quadrinhos, mas são uma versão mais romantizada disso. É bom para englobar todos os tipos de publico? Sim, mas durante o filme há algumas tentativas de trazer o Homem Aranha das HQs do filme, e simplesmente não encaixa bem com o Aranha do filme.As Vozes dos personagem diferem muito dali. Mas isso torna o filme ruim, ou menos fiel? Não, de maneira alguma, só que explora somente os princípios básicos não só do Homem Aranha mas também a relação de poder e como seu uso pode afetar as pessoas, alicerce básico do universo Marvel.Vale a pena destacar algumas mudanças que ele fez para o bem da realidade do filme, como Peter usando teias naturais e a roupa mais prática do Duende Verde.


Sobre as atuações, dentro do que foi proposto Tobey Maguire foi muito bem, teve personalidade e sem exageros, apesar de certos momentos quererem trazer o Aranha das HQs, o que acaba não se encaixando bem na versão do filme. James Franco é o elo mais fraco do elenco, mas em contraponto o Norman Osborn de Dafoe é sensacional. A edição, a musica e a atuação de Willian ajudam a tornar o personagem realmente macabro, mesmo que a roupa e a máscara do Duende Verde em si seja mais uma roupa de combate/intimidação do que parte da aura macabra do personagem. Kristen Dunst teve certa vantagem de sua MJ não ser tão parecida assim com sua contraparte dos quadrinhos, o que deu a ela certa liberdade, mesmo que no fim ela ainda caia no genérico de donzela em perigo. Mas a interpretação mais assustadoramente fiel do personagem é sem sombra de dúvidas de JK Simmons, como J. Jonah Jameson.


Algo que achei legal do Raimi fazer nessa época é mostrar de maneira sutil um universo Marvel invisível dentro do filme. O projeto que Norman trabalha poderia ser muito bem mais uma das tentativas de recriação do soro do Super-Soldado, e a Quest Aerospace (que é uma empresa real) poderia ser substituído facilmente pelas Industrias Stark ou qualquer um de seus rivais. Também é citado do filme dois futuros vilões do personagem: Curt Connors (o Lagarto) e Eddie Brock (Venom).


No fim, podemos definir Homem Aranha como um marco.Um filme que agradou a maioria do publico e dos fãs das HQs, trazendo algo acessível ao grande publico ao mesmo tempo respeitando a fonte original das histórias, com efeitos especias competentes que deram verossimilhança as ações dos heróis e vilões. Mesmo não mostrando exatamente o universo e personagens das HQs ao todo, foi um ótimo filme em tempos que se achava que Hollywood nunca iria aprender como fazer filmes baseados em quadrinhos com qualidade.

NOTA: 8.0


Próxima semana: Homem Aranha 2!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

5 contra 1: Questões sobre o filme da Liga da Justiça


Bem, após Os Vingadores terem feito mais de 1 bilhão de bilheteria, estar no 3° lugar das maiores bilheterias da história, ultrapassando The Dark Knight, e francamente, merecendo cada centavo ganho, porque o filme é foda, a Warner finalmente decidiu dar o passo ousado de fazer acontecer o filme da Liga da Justiça, e diferente de Justice League: Mortal (2007), realmente fazer o projeto decolar. Mas com o anuncio da produção do filme (e mais uma penca de filmes da DC que devem ou não sair) muitas duvidas surgiram, então vamos tentar responder elas em cima de fatos e claro, suposições, já que o roteiro está na fase de construção.

5) Warner está fazendo esse filme apressadamente?
Por incrível que pareça, não. Em 2011, Jeff Robinov, presidente da Warner Bros, disse em entrevista ao Hero Complex que pretendiam começar o filme da Liga da Justiça em 2013 e logo depois dar o pontapé inicial do reboot do Batman. E de fato, depois dos gastos já obtidos para tentar por Justice League: Mortal e do sucesso massivo de publico e crítica a The Dark Knight, o melhor foi deixar o tempo passar, se preparar melhor (e em parte o fracasso de Lanterna Verde ajudou a mostrá-los que não dá pra fazer seus heróis no "Marvel Way") e ver se filme do tipo dão lucro (e 'Os Vingadores' provaram que sim, isso acontece). Esse tempo também é bom já que permite construir com calma as futuras estratégias de mercado e quais filmes lançarem e qual o tom deles, o que nos leva ao próximo tópico.

O mais próximo de um encontro live-action entre Batman e Superman.

4) Começar o Universo DC nos cinemas com a Liga da Justiça seria ideal?
Francamente, sim. Começar um possível UDC nos cinemas, além de ser uma estratégia que já funcionou anteriormente nos quadrinhos, colocaria todos os heróis como carro-chefe dessa nova etapa para o estúdio e editora, tendo muito mais possibilidades de franquias a se explorar no futuro.Também tem o fato de que os heróis da DC são muito mais reconhecíveis por grande publico do que os da Marvel.Além disso, definiria logo de uma vez o tom a ser seguido a todos os outros personagens (já que  gostando ou não, mas os filmes da Marvel Studios tem um padrão bem claro de contar suas histórias).Apesar de que acho que o tom do filme será mais definido pelo como for/o que vai acontecer a partir de 'Man of Steel', que verdadeiramente deve mostrar se dar pra levar o "estilo Nolan" com sucesso a outros heróis sem ser o Batman.


3) Qual história eles  poderiam seguir?
Com 'Os Vingadores' terem estabelecido o que um filme de equipe de super heróis deve ser, o negócio e primeiramente ter bolas de ir mais longe e ser maior do que foi feito anteriormente.Em termos de tom, concordo que eles se devem levar mais sério, seguindo mesmo a linha dos filmes de sucesso da DC até agora (como os Batman do Nolan, Watchmen,V de Vingança, etc).Em termos de como deve ser a interação da equipe, não tem outra: a fase de Grant Morrison tem que ser a sua bíblia, apesar de que algumas modificações tem que ser feitas devido a quem deve estar na equipe ou não.Mas aí o arco inicial de Geoff Johns e Jim Lee nos Novos 52, 'Origin', também seria de grande ajuda para construção.Apesar de ter várias opções de várias revistas para pegar elementos e colocá-los no filme, a espinha dorsal tem que vir de algo grandioso, fantástico, diferente e digno da equipe.Por isso eu digo: FINAL CRISIS or go home!


2) Se colocarem Darkseid, a comparação inevitável com Thanos irá atrapalhar?
Muitas acharam que a introdução de Thanos em 'Os Vingadores' na verdade foi uma vingança de Joss Whedon contra  DC/WB por não ter aceitado seu projeto para um filme do Batman e sua dispensa do complicado filme da Mulher Maravilha. Apesar da provável comparação dos mais leigos, Darkseid tem duas coisas em sua vantagem. Primeiro, ele é a base para todos aqueles que vieram depois, incluindo Mongul e o próprio Thanos.Segundo, o universo do qual Darkseid pertence é muito mais extenso e mais interessante do que de Thanos. Darkseid é o mal encarnado, um Deus-Ideia, que pode mudar realidades.Como bem disse Mulher Maravilha em 'O Retorno de Bruce Wayne': ""Os deuses e os Novos Deuses como Darkseid são idéias auto-conscientes. Eles usam armas-conceito, equações anti-vida, metáforas-assassinos." As possibilidades do que se fazer são muito maiores se você parar e pensar nos outros personagens do Quarto Mundo.Consigo imaginar muito bem num filme live-action a Mulher maravilha enfrentando as Fúrias, enquanto Batman salva crianças da escravidão da Vovó Bondade.As possibilidades aqui são infinitamente maiores.


1) Qual seria a formação da equipe e como isso influenciaria o Universo DC Cinematográfico?
Bem, aqui complica-se a situação.Uma das reclamações em torno de 'Os Vingadores' é a falta de diversidade dentro da sua equipe, já que lá todos são caucasianos e só tem uma mulher no time.O tipo de equipe escolhida pode dizer muito sobre qual rumo seguir, no estilo e no tom. Manter o básico (como hoje em dia se segue) seria interessante, mas a questão ficam: Caçador de Marte ou Cyborg? Botar mais de 7 membros, como Gavião Negro, Arqueiro Verde, Canário Negro e Zatanna? Tirar Batman e Superman, e quem sabe botar a formação 'Brave and The Bold' comercialmente falando é ruim, já que só pelo fato dos dois estarem juntos na tela já iria atrair muita publico.No fim das contas, devido até mesmo que muitos deles já tem projetos semi-engatilhados pra serem produzidos, os que devem entrar são: Superman, Batman, Mulher Maravilha, Flash, Lanterna Verde e Aquaman. Falta decidir qual será o sétimo ou até mesmo mais do que isso) que deve entrar ou não na formação do filme.Além de outros assuntos como qual Lanterna Verde, Flash ou até quem sabe qual Batman seria melhor para utilizar nesta nova formação, entre muitos outros tópicos.


Bem, acabou por aqui, Vamos esperar que a SDCC 2012 nos traga mais novidades sobre o que o futuro nos aguarda... Até lá, até a próxima!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Review: Batman Forever

Publicado originalmente em Batmania Rio.

Review escrito por Diogo Oliveira


Mudanças acontecem. Faz parte da vida, e também faz partes das artes. E falando especialmente de Batman, que é um dos personagens mais mutáveis já criados, mudanças já aconteceram muitas vezes. Como já disse por aqui, os filmes do Batman nos anos 90 seguiam certas fases do personagem, mas nunca conseguiam englobar o conceito geral da coisa. Depois da recepção fria ao excelente Batman - O Retorno, a Warner precisava de mudanças urgente em uma franquia que eles sabiam que era lucrativa, mas que aos olhos do público estava desgastada.A solução deles para isso? Dar ao povo o que o povo quer. E assim originou (o começo do fim) conhecido como Batman Forever. Mas até onde o filme realmente trouxe desvantagens e vantagens pra cinematografia do personagem? E qual foi sua importância no cenário na época de seu lançamento?


Pra começar, vamos a hsitória: anos depois dos acontecimentos de Batman - O Retorno, Batman ainda continua ativo no combate ao crime, porém, o antigo promotor Havey Dent foi deformado à ácido graças ao gangster Tonny Zucco, deformando a sua mente e transformando-o no vilão Duas Caras. 2 anos após ser preso no Asilo Arkham, ele foge, causando caos por toda a Gotham, incluindo o assassinato da família do trapezista Dick Grayson, que desperta em Bruce velhas memórias de volta a tona. Para completar isso tudo, o misterioso Charada planeja utilizar sua Caixa sugadora de ondas mentais e seus crimes misterioso para destruir de vez Batman e Bruce Wayne. Ajudado pela psiquiatra  Chase Meridian, que também tem um forte interesse no não só no Homem mas também no Morcego, Bruce tentar vencer seus medos, salvar Dick Grayson do mesmo caminho negro que ele percorre e descobrir os motivos porque ele deve ser o Batman, não por obrigação, mas por escolha própria.


Pra começar, a maior mudança é o visual.O estilo gótico movido a concreto de Tim Burton foi substituído foi um colorido pop art  e forte influência das artes gregas e russas.A fotografia também merece destaque, já que diferente do filme que o sucede, não procura abusar muito do neon, mas sim do jogo de luzes e lampadas.Também o fato de trazer mais humor e ação do que seu antecessor, e mais elementos próximos dos quadrinhos, especialmente em relação ao personagem principal.No geral, ficou um filme mais leve, e como a palavra "leve" em blockbusters pode significar muitas coisas (boas e ruins), vamos a elas.


Em primeiro lugar, o filme te joga num ritmo acelerado que Returns não se permitiu, começando com o Batman se vestindo e jogando ele direto para uma ação bem articulada (Burton não era muito bom em sequência de luta) e frenética.A primeira grande mudança mora ali, a ação está bem mais refinada, permitindo algumas peripécias que antes não tinham grande destaque.O foco desse tipo de  cena é sempre o espetáculo, num clima meio western de ter sempre um publico vendo a ação, torcendo, vibrando. Mas isso também leva a algumas cenas de humor que na maioria das vezes não se encaixa, nem na situação proposta nem em relação aos personagens.Um exemplo de momento que eu acho que isso funciona é o famoso 'Sorriso do Batman', mas acho que quando  Dick Grayson está no Batmóvel e encontra as garotas de programa isso não flui tão bem.Mas por uma ação exagerada infelizmente se tornou uma habito entre filmes de super heróis (veja 'Quarteto Fantástico' e você entenderá o que eu digo).


Mas em relação a trama principal, o que se trata? Como tudo relacionado ao Batman, se trata de identidade.Mas no caso de Forever, se refere a aceitação da identidade, do que você tem que fazer precisa ter uma força motriz do bem, senão você se corrompe. É engraçado que mesmo com a mudança de estética e trazendo poucos elementos do filme do Burton, o filme dá uma impressão de fechamento de trilogia.Você tem Bruce Wayne no começo de sua carreira como vigilante em 'Batman, sua apatia e de certo modo felicidade com  a rotina de ser Batman em 'Batman - O Retorno' e o consequente marasmo de vida e a busca   de sentido de vida em 'Batman Forever', mesmo que muito do material que explorava essa parte psicológica tenho sido retirado da versão final.


Falando em material retirado, muito do que o filme poderia ter sido está jogado até hoje na sala de edição.Junto com 'Batman - O Retorno', 'Batman Forever' é o único filme do qual a edição não segue exatamente o roteiro, e diferente do filme de 1992 é o que mais sofre por causa disso.Achando o primeiro corte com um estilo "Burton" ainda forte, a Warner mandou refazer a edição tirando muitas cenas que aprofundavam os personagens, especialmente  Bruce Wayne e a cena sobre a superação da culpa da morte de seus pais.A parte do filme que ele fala "Eu os matei" se refere a ultima linha mostrada no Livro Vermelho, que era o diário de Thomas Wayne, do qual está escrito que eles só foram ver o filme do Zorro por insistência de Bruce.Após levar o tiro e ficar desmemoriado, Bruce volta a caverna e reencontra o diário, completando o quebra-cabeças que sua mente monta durante todo o filme.Nesse momento o personagem reencontra sua força motriz e o real motivo dele ser o Batman, tornando a sua necessidade de fazer isso por realmente estar focado em algo, e não perdido na sua própria dor como até então estava.E tudo isso simplesmente foi retirado do filme.Aqui você pode ver uma lista mais detalhada das cenas cortadas do filme e entender o muito que se foi perdido.


Sobre os personagens e suas atuações, vamos começar com Val Kilmer, que fez a melhor interpretação do personagem dos filmes lançados nos anos 90. E quando digo "melhor", falo em ter equilibrado em partes iguais o lado Bruce Wayne e Batman do personagem.Você consegue ver todas as facetas  do personagem fluindo bem e tendo seu espaço para aparecer, diferente das interpretações que Michael Keaton e George Clooney não permitiam.Você via o businessman, o filantropo, o  playboy, o homem amargurado e o Batman, todos convivendo em harmonia.


Sobre a polêmica chegada de Robin, apesar de eu ter achado a atuação do Chris O'Donell sóbria e consequentemente boa, sem muitos exageros, faltou certa presença do personagem dentro da trama, faltou mais ação de fato por parte dele pra conquistar sua vingança.Sua presença do filme é mais efetiva ao plot do Bruce do que para si mesmo.Mas no final, apesar até mesmo do ainda presente preconceito e de piadas infames que ainda circulavam o personagem,a entrada de Robin no filme mostrou sim que era possível transpor o personagem para live action sem parecer ridículo.


Chase Meridian não é uma personagem original das HQs, criada especialmente para se encaixar neste filme,E francamente não acho que teria funcionado tão bem se não tivesse Nicole Kidman envolvida. Como o produtor Peter Macgregor-Scott bem disse, ele trouxe um certo glamour ao filme, e a presença de tela dela fez que alguns momentos que não deveriam funcionar devido a más decisões ficaram, se não 100%, boas o suficiente. O exemplo que cito aqui no caso é a cena do encontro entre ela e Batman no QG da policia, que tem momentos que variam do constrangimento ("Chicks dig the car") até momentos realmente sagazes ("Não aconteceu nada" "Tem certeza?").E a construção da personagem também é interessante, já que assim como Bruce, mas de um jeito diferente, ela alterna entre a maturidade e uma necessidade quase inocente de se entregar ao lado escuro, ao desconhecido.Foi uma das boas surpresas do filme.


Sobre o Duas Caras, apesar de ter sido uma excelente escolha de casting, é provavelmente o elo mais fraco dos atores, e nem é culpa em si do Tommy Lee Jones, que é uma puta ator, mas pelo fato de ter faltado alguém para guiá-lo em qual direção seguir.Então a decisão tomada (e pelo jeito aprovada pelo diretor) foi de seguir os caminhos de Jim Carrey, e ser o mais galhofeiro possível. Porque é triste, já que a forma que ele é usado no filme não só remete o Duas Caras clássico das HQs, mas dentro da trama ele representa um Batman falho, uma cicatriz ambulantes dos erros de Bruce Wayne como vigilante, que gerou um momento interessante que mostra bem essa fragilidade subliminar em sua relação, quando no Circo Harvey questiona se algum dos ricos e poderosos de Gotham poderia saber quem é ou até mesmo um deles poderia ser o Batman (porque afinal de contas, ele tem tem carro, planador e gadgets a vontade recebendo salário mínimo), e você tem  Bruce desesperado assumindo sua identidade como Batman, mas abafado por causa de todo o caos causado. Uma boa oportunidade perdida.


Ainda acho que depois de todos esses anos, Jim Carrey trouxe uma ótima interpretação do Charada.Afinal, se o filme se trata sobre identidade, que tal o vilão que odeia tanto o que é, que na busca por ser outra pessoa acaba sendo ninguém? Alguns disseram que o humor, que é bem marcante no ator, foi um pouco exagerado, mas acho que isso se encaixa no personagem de maneira muito melhor do que por exemplo no Duas Caras.Foi engraçado quando era pra ser, brutal de um jeito diferenciado. Pegou o melhor do Frank Gorshin, alguns elementos da HQs e seu toque pessoal pra construir algo novo.


No fim das contas, como poderíamos dizer que Batman Forever se saiu? Joel Schumacher até então era um diretor com uns bons filmes e alguns clássicos no currículo, mas foi chamado pela Warner principalmente por ser um diretor extremamente visual. Mesmo que no fim tendo concordado em trazer elementos visuais diferentes dos filmes anteriores, houve um esforço dele em manter uma certa seriedade no personagem, já que assumidamente ele era fã do Batman de Frank Miller (Ano Um e The Dark Knight Returns, no caso), tanto que no filme tem alguns elementos visuais que remetem a isso.


E mesmo assim, como foi dito mais acima, a Warner, com medo de uma comparação direta com Batman - O Retorno, reeditou o filme até o jeito do qual conhecemos hoje. mas surpreendentemente, a reação do publico foi muito boa perante a abordagem mais light do Cavaleiros das Trevas, pois de certo modo dava aquilo que o 'Batman' de 1989 deu, uma nova visão do que poderia ser o personagem interligado com aquilo que o publico queria ver, e ainda por cima dava uma impressão leve de fechamento da história. Infelizmente não foi a finalização que deveria (afinal, tem mais um filme em 1997), nem do jeito que merecia ( já que o filme era e poderia ter sido muito melhor que é), mas era naquele momento o Batman que o povo ansiava: um Batman divertido e cheio de ação para a elétrica geração MTV.

NOTA: 6.5