segunda-feira, 10 de junho de 2013

Review: 'Superman - Birthright'


O mundo sempre vai precisar de um Superman, isso é fato. E para isso, Superman sempre vai ter que se readaptar a era que vive, ao seu momento politico e o que acontece no mundo.E apesar de um dos grandes desafios é exatamente adaptar o supostamente ultrapassado Superman num contexto moderno, isso não signifique que já tenha sido feito antes, e muito bem, obrigado.Apesar de renegada durante um tempo, por muitos ainda considerarem 'O Homem de Aço' de John Byrne ainda como A origem do personagem (aparentemente um grande problema coletivo relacionado ao Superman, de limitação das interpretações), como 'O Legado das Estrelas', ou a originalmente 'Birthright', vai se sair na tentativa de recriar o herói de todos os heróis?

A história é basicamente o seguinte: o jovem Clark Kent viaja ao redor do globo trabalhando como jornalista e tentando achar seu lugar no mundo. Após conviver em uma situação de guerra politica na Africa, e abalado por experiencias que afirmaram suas decisões para seu futuro, ele volta para a casa de seus pais no Kansas, para preparar seu realmente destino: ajudar as pessoas com seus poderes, mas criando uma nova identidade para manter segura sua vida particular e sua família. Ao chegar na cidade de Metropolis, ele se depara com uma cidade com muito a oferecer, mas que permanece com medo dos perigos lá fora. Após se expor ao mundo, o chamado 'Supeman' terá que enfrentar uma ameaça familiar: Lex Luthor, seu antigo amigo de infância que hoje em dia é um bilionário com planos nefastos de lucrar em cima do medo da população e da exploração com conotação negativa do Homem de Aço.


Tudo começa já em Krypton, onde os pais biológicos de Kal-El, Jor-El e Kara, procuram um destino desesperado para seu filho e deixam com ele uma especie de Enciclopédia Barsa do mundo de Krypton. A grande preocupação deles seria se seu filho sobreviveria e se tornaria alguem quando crescesse, caso ele sobrevivesse a trajetória a terra.Ele seria o simbolo de esperança kryptoniana, carregando aquilo que fez o planeta chegar ao limite utópico a outras nações? Ou será caçado e morto que nem um animal peçonhento por ser diferente?


Já adulto, já trabalhando com jornalismo e após rodar o mundo tentando encontrar seu lugar, Clark Kent acaba na Africa, cobrindo a briga politica entre duas tribos africanas: Kobe Asuru, representando Ghubi, e o governo de Turaaba, que não quer ver a "raça inferior" ganhar espaço e direitos dentro de seu governo, mesmo vivendo praticamente no mesmo lugar. Abena , irmã de Kobe, suspeita das atividades de Clark e a suposta tentativa de "domesticação" feita pelo homem branco, enquanto o responsável pela câmera de deputados de Turaaba faz vários atentados contra a sua vida. Em uma simples, porém eficiente analogia, Mark Waid faz sua primeira conexão com o mundo real (afinal, a situação representa bem os conflitos entre Hutu e Tutsi em Huanda) e ainda faz uma analogia com toda a missão do qual Superman irá enfrentar: a inspiração de esperança, paz e igualdade entre todos, a desconfiança inicial que passa depois de provada a suas boas intenções, e poderosos, que manipulam a todos com falsas informações e instaurando o medo nas pessoas.


Voltando a Smallville, Kansas, vemos um Clark que passou por uma serie de eventos na Africa sobre atu-conhecimento, tanto de sua vida na terra quanto de seu planeta natal, do qual faz pedir a ajuda de seus pais para ajudar a moldar aquilo que ele decidiu ser seu destino: ajudar as pessoas. Apesar de receber o apoio de sua mãe, se pai vê isso com maus olhos; como se sua herança kryptoniana fosse tirar a identidade de seu filho e transformá-lo em outra coisa. Mas como o próprio explica: não é substituir uma identidade, é criar outra.O que mais surpreende aqui é como Jonathan é tratado: por causa dos problemas que tinha com seu pai, ele tenta com Clark estabelecer uma relação não somente de amizade, mas de transmissão de bons costumes. Quando Clark decide usar o simbolo e cores alienígenas para se representar, ele acha que falhou como pai, e se torna ácido e frio. Mas no fim, uma velha conversa franca põe os pingos nos Is e Jonathan percebe que o que ele decidiu fazer foi a partir de sua criação, seus valores e seu caráter.


Quando ele chega a Metropolis, ele encontra uma cidade com medo de si mesma, medo do outro, e medo do desconhecido. Aparentemente a cidade passou por um tipo de ataque terrorista que mudou o próprio jeito da cidade de agir, obviamente criando relações com o atentado em Nova York em 11 de setembro de 2011. Além disso, a onda de crimes se espalha no momento em que todo mundo acha que ter uma arma faz estabelecer a ordem de sua vida. A maior critica a isso é uma cena que claramente faz referencia a chacina em Columbine. E no centro dessa cultura do medo e de defesa belicista, está o armamentista e exobiólogo Lex Luthor, que ganhou rios de dinheiro utilizando o espaço como base para criação de tecnologia terrestre, além de ser um grande admirador de Ufologia. Durante sua vida toda ele sempre foi um gênio, porém sua incompreensão por ser considerado diferente despertou uma mesquinharia e gosmo de sua parte, do qual um acidente envolvendo kryptonita o fez afastar para sempre de seu único amigo na adolescência, Clark Kent, e abandonando Smallville.


Mas o grande plano de Luthor é utilizar a própria imagem do Superman contra ele, graças as aparições de Krypton criados a partir de um buraco de minhoca mostrando o passado do planeta condenado.Além de lucrar em cima de forjar o ato terrorista de outro planeta, Luthor faz isso porque, ao finalmente alcançar a chamada (por ele) "civilização superior" na forma do Superman, ela lhe virou a cara, com nojo. Lex Luthor representa tudo que o ser humano pode ter de ganancioso e de ruim, e Superman percebe isso no ato. Sendo uma das mentes mais brilhantes e uma das pessoas mais ricas do mundo, sua voz será ouvida, e ele irá manipular mídia e exército para que seu plano seja feito. Repórteres como Jimmy Olsen, Lois Lane e Clark Kent tentam revelar as verdades ao mundo, mas tendo muitas vezes a opinião geral a favor de Luthor e o lado editorial querendo vender mais jornais do que fato informar a verdade complica a situação de se tentar fazer o melhor.


Lois é a unica que no caso defende o "estranho visitante de outro planeta, e que lhe dá a alcunha de Superman, especialmente depois de anos seguindo os seus rastros.A relação entre Superman e Lois é de amizade, que se desenvolve muito mais facilmente do que com Clark Kent, que se decidiu permanecer fechado as pessoas para proteger seu segredo.Mas para ambos, Lois tem o papel de ser uma incentivadora para que ambos deem o seu melhor.


No fim, as tentativas de instaurar medo e pânico da população de Metropolis é destruídos quando o próprio Superman contraria a expectativas de ser na verdade um cara mal e usa o simbolo de esperança que é seu \S/ como literalmente um escudo, da esperança vencendo a  maldade e o medo. E acima de tudo, num final emocionante, Superman revê seus pais e manda a mensagem "Pai, Mãe, eu consegui.", podendo eles morrerem em paz sabendo que seu filho não somente se tornou um homem, mas de fato alguem do qual eles poderia se orgulhar. Mesmo que Luthor seja preso e solto logo em seguida, as regras mudaram, o Planeta Diário volta a se reerguer como um jornal digno, e Superman redefinindo o simbolo de esperança para algo multi-cultural, de Krypton para a Terra, provando que diferente do garoto inseguro do que queria fazer e que acaba ficando preso aos seus próprios medos na Africa (fazendo pessoas inocentes pagarem por ele não abraçar seu verdadeiro eu), Clark Kent tem um fardo que não é um peso, mas sim um impulso para poder a todos salvar, incluindo a si mesmo.


O que há mais para dizer? 'Birthright' é um dos melhores e mais bem feitos trabalhos de Mark Waid (e Lennis Yu) e uma estupenda história do Superman em um mundo pós 11 de setembro. Leitura obviamente mais do que recomendada.

NOTA: 10.0